13 de agosto de 2014

[dor rima com amor]

Desfruta-me o gosto ríspido.
Engulo com dor.
Dizem-me pra tomar remédio.
Pra tomar chá.
Pra tomar rumo.

Me aprumo.
Passo a mão no cabelo.
Escovo os dentes.
Tiro o sono
com uma xícara de café.

Abro a janela,
e escolho o melhor sol para vestir.
Mas estou feito pó.
Estou feito esses copos
que se quebram cheios de cachaça.

Desço as esquedas.
Analiso as orações nas ruas,
nos pés cheio de pressa,
nas mãos cheias de tchaus.

Me dói a garganta.
Me dói não poder gritar.
Mas a garganta não dói mais
que meu coração
ferido por amar.

(E ele não aceita antibióticos).


Lucas Veiga

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