29 de outubro de 2014

"Só lamente uma vez"

[leia esse poema ao som de "Solamente una vez" - Luis Miguel]

Caio com o sobrenome aflito
interrogo a samambaia
falta água na casa,
falta sede na vida.

Mordo a maçã murcha
tateio a pia seca
encontro a torneira
me torneio
desdobro.

Estico o laço tênue
rogo por ave aranha
grito minha voz de antes
sento no meio fio
choro.

Não há mais ninguém por aqui
todos se foram com fome
todos com risos frouxos
com orgulhos lustrosos.

Peço-me que fique.
Fico.
Finco a dor na faca de serra.
Encerro.
Mais que poeta,
agora sou dor.

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