7 de agosto de 2014

[sobre morangos e corações]

Quando você chegou os morangos já estavam podres. Sim, podres. Não, mofo é coisa de Caio. E há tempos eu não caio, porque há tempos que estou no chão. As quedas já são inválidas. E quando você chegou, os morangos já estavam podres. Mas as coisas não são bem assim. Quando te telefonei, naquele dia chuvoso, os morangos estavam vivos. Carnudos. Vermelhos. Pareciam até o meu coração, antes que você chegasse. Mas você chegou. E mudou tudo. O coração está podre e os morangos também.
Mas não quero falar sobre morangos. Não quero falar sobre a maneira que eles apodreceram. Não quero falar da maneira que você os jogou fora. Nem falar da maneira que os guardei. Quero falar sobre tudo que eu quis ser pra você e acabei não sendo.
Desculpa, tá? Não foi intenção minha, mas eu te amei demais. E pra mim já deu. Não vou perder mais tempo com você. Esteja livre. Não digo que estarei te esperando, mas acredito que sempre estarei com morangos prontos pra você. Mas morangos como eles devem ser: doces, vermelhos, carnudos. Eu te amei da melhor maneira. Na verdade, eu ainda te amo da melhor maneira. Mas amor quando não vinga, não adianta ficar forçando. Vá em frente. Um dia, quando te der fome de amor ( e de morangos), volte. Juro pra você que eles não estarão podres. Mas já não posso prometer o mesmo sobre o meu coração. Porque foi você mesmo que o fez apodrecer.


Lucas Veiga

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